Individualidade

Toda pessoa precisa de um tempo a sós consigo mesmo.
A verdade é que, ninguém é autêntico estando dependente de outrem.
Por favor, não me entenda mal. Falo de individualidade, aquela unicidade que permite a distinção de uma criatura entre tantas outras. Diferentemente de ser individualista, que seria não ver o outro ou não vê-lo como na mesma condição de ser humano.
Individualidade é algo peculiar a sua identidade, essência. Capacidade de escolha, de determinação, ser "você mesmo"! Ser seguro de si e das suas crenças. Por isso disse, a priori, que é extremamente necessário o exercício do que o filósofo grego, Sócrates, chamaria de "Conhecer-se a si mesmo". Para isso, nada melhor que o binômio tempo x espaço (estar sozinho).
Nos relacionamentos, especificamente os amorosos, há uma espécie de 'alomorfia' no indivíduo, o que se justifica no contexto do convívio e adaptação. Em síntese, a pessoa que não tem esse período de auto-conhecimento, acaba não sendo ela mesmo! Com uma personalidade totalmente ligada a outro sujeito e incapaz de, ao final desses passageiros amores, saber onde ir, ou seja, seu objetivo, suas motivações íntimas.
Não faço apologia a alinenação e a não abertura a mudanças. Todos podemos e, em determinados momentos, precisamos mudar. Todavia mudar não é sinònimo de não ter personalidade própria ou, não ser totalmente influenciável.
É perfeitamente possível estar acompanhado e possuir a tal individualidade e ainda conviver com as diferenças, que é o motivo que se torna interessante tentar "conhecer alguém". Se a pessoa já passou pela fase inical de auto-conhecimento, relacione-se. Até porque ninguém é tão instigante assim para viver sozinho por tanto tempo, se conhecendo. Porém, se o senhor (a) leitor (a) não consegue ter uma definição morfológica de seu "eu", aconselho fazer uso da máxima "conheça-te a ti mesmo", se precisar de melhor maneira, te empresto a fórmula eficaz: tempo para você mesmo (à sós).

Destino?

Já deixei tanta coisa para trás.
Algumas me fazem falta até hoje.
Outras, nem me lembro mais. Só sei que não estão aqui.
Outras ainda tenho comigo e sinto que me falta coragem para varrê-las...
Entulhos do tempo que sujam nossa vida, criando cenário perfeito para aranhas,
poeira, morcegos...
Não compensa se lamentar porque alguma situação se tornou incontrolável pra voce, ou não aconteceu como voce desejaria que acontecesse.
Pensando bem, não precisamos procurar o caminho, basta não se perder na trilha.
O caminho está a sua frente, a vida pulsa.
Cabe a nós não embaraçarmos com as velhas batidas e não nos escondermos em uma caverna.
Chega de morcegos, teias e pó!
Pegue logo água de chuva, saia para ver o sol e, se necessário for, uma dose de amnésia...
Lave a alma de ressentimentos e murmurações.
No final das contas, nós conhecemos as pessoas que precisávamos conhecer, no momento que era ideal, vamos aos lugares que nossos pés deveriam pisar. Não há o
que mudar.
Podemos mudar sim o modo como essas experiências acontecem. Chorando menos, reclamando menos, sorrindo mais, vivendo mais.
As coisas que deixamos ou que nos deixaram, definitivamente, não nos são vitais.

Sorrisos, afeto e colo...

Resolvi alimentar um pouco mais a criança que vive em mim. Não levar tão a sério a rotina e, mesmo sem aquela ingenuidade dos meus cinco anos, gargalhar ao observar algumas caras escondidas entre lençóis, como em um esconde-esconde, numa bricadeira onde escondem rosto, coração, opções, decisões. Talvez por falta de coragem ou outro motivo que prefiro não estimar.
Valorizar mais o indivíduo que comigo vem brincar, do que as verdades (ou, na maioria das vezes, suposições de verdades) individuais que nao afetam o conviver. Levar o viver! Isso é fato. O que poderá afetar será somente o afeto...
E se tiver vontade de pedir colo? Não hesitarei: Que sejam explícitas as necessidades, obscuras as vaidades e evidentes os abraços de bem-querer. Até beijos, dependendo da vontade...

Namorados

Namorados são, no mínimo, engraçados.
Estou com tempo e tenho à disposição casais derretidos para observar.
Se estão vendo TV e alguma propaganda fala em cabelos bonitos, logo se ouve um burbúrio:
- O seu cabelo é mais lindo, amor.
Ao final de alguma novela, com situações perfeitas, como o perdão para todos os males, casamentos de príncipes e princesas, ouvi:
- Amor, vou dizer dessa maneira a você, na saúde, na tristeza, na alegria.... Te amo.... Amo, amo, amo!
E a idade diminui também nessa fase (teoria para estudos posteriores):
- Ôh meu bebezinho, que coisinha linda meu Deus! Gosto demais!
- Não vai embora não senão eu vou chorar....
- Ele é o meu (apelidos particulares e totalmente criativos) cuti-cuti...
- Etc.... morzinho...etc.
E na despedida se estiver ao celular, no mínimo cinco minutos de:
- Boa noite amor.
- Boa noite, meu amor. Te amo.
- Também amo voce.
- Ai amor, voce não me deixou um beijo!
- Beijo de boa noite, meu coração.
- Mas beijo onde?
- Beijinho na pontinha do nariz.
- Queria pessoalmente...
- Amanha te dou vários beijinhos.
- Hummmmmmm...... Eu vou cobrar....
- Saudades de você..... (obs.: não se veêm a dez minutos)
- Saudades...
- Te amo
- Eu também...
- Sonha comigo?
- Só se você sonhar comigo....
- ....
- ....
Dormi.
Mas os namorados continuaram a suspirar....

Sem nexos

Algo assim:desmedido, livre, leve e solto!
Não parar para pensar no que vai dar as sílabas desprendidas de rimas e/ ou escansão...
Viver...
Sorrir...
Alimentar esperanças de que tudo pode ficar ainda melhor.
Quero janelas abertas...
Ventania...
Folhas secas no chão.
Céu claro.
Água gelada.
Vou correr...nem que seja para uma cama em dia de sábado a tarde...
Mesmo sem tempo para tudo, até mesmo pro Blog, quero sombra e água fresca.
Por ai...
Amar é sempre ser vulnerável. Ame qualquer coisa e certamente seu coração vai doer e talvez se partir. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto , você não deve entregá-lo á ninguém , nem mesmo a um animal. Envolva o cuidadosamente em seus hobbies e pequenos luxos, evite qualquer envolvimento, guarde o na segurança do esquife de seu egoísmo. Mas nesse esquife – seguro , sem movimento , sem ar - ele vai mudar. Ele não vai se partir – vai tornar se indestrutível, impenetrável , irredimível. A alternativa a uma tragédia ou pelo menos ao risco de uma tragédia é a condenação. O único lugar além do céu onde se pode estar perfeitamente a salvo de todos os riscos e pertubações do amor é o inferno.
C.S.Lewis em "Os quatro amores"

"El tiempo"

Intensa sensação de que "el tiempo no me alcanza".
Para tantos desejos, tantas vontades....
A vida é tão efêmera perante tudo que há para se viver.
Pobre de mim se a maioria dos meus anseios fossem terrenais.
Viveria e morreria sem perspectivas de grandes realizações. E, sem elas, estaria fadada ao insucesso.
Ainda bem que meus desejos ultrapassam essa atmosfera.
E é justamente esse viver debaixo de uma visão eterna que muda a forma como vivo o hoje.
Posso dizer bem melhor:
"Yo alcanzaré el Tiempo..."

2 décadas

O ano era 1989. Exatamente 20 anos atrás. Mais precisamente no dia 04 de agosto...
Nasci. Tive uma infância que atualmente é atípica, com brincadeiras de rua: roubar bandeira, cata-vento, amarelinha, peteca, queimada, pegador, pular corda, esconde-esconde e toda sorte de brincadeiras que necessitam apenas de crianças, um lugar tranqüilo e certo afastamento tecnológico. Por vezes na fazenda, em um casarão construído pelo meu avô, com portais de madeira imensos, um quintal enorme gramado por onde corria sozinha ou acompanhada do meu cão e rolava em um discreto declive que o relevo fazia, subia na porteira, comia siriguela, pegava manga no pé e tomava banho na represa que ficava ao lado da casa. Nesse lugar, meus avôs maternos criaram seus filhos e viveram até a lamentável morte do meu avô dias antes do meu nascimento. Outras vezes, onde a maioria das brincadeiras ocorria, estava na casa dos meus avôs paternos, em uma cidadezinha perto da fazenda. Nesse vilarejo, cresci, aprendi minhas primeiras palavras, escrevi meus primeiros textos, como a já conhecida redação sobre como foram as ultimas férias e fiz amizades que perduram até hoje.
Infância. Fase que exige uma agradável leitura de quem hoje se orgulha de dizer que foi uma época memorável e importantíssima para que essa jovem se formasse. Mesmo estando sempre cercada pelos cuidados da mãe, do pai, dos avôs, nessa fase de aprendizado intensivo, foram tantos “tombos”, tantos arranhões... Ao subir nas árvores, inventar de fazer as “cozinhadinhas”, escorregar nas enxurradas que a chuva sempre provocava... Ah, os banhos de chuva, que saudades... Ao machucar, chorava, sangue escorria, prometia que não me cortaria novamente... Porém, antes mesmo que o ferimento se fechasse, já estava eu correndo com os amiguinhos novamente. Foi assim, ao aprender, andar de bicicleta, por exemplo.
Esse relato é o que define a caminhada até hoje e que seguramente aponta o caminho a ser percorrido. Mesmo com carinho, amor e dedicação, escorregões, caídas e cortes são inevitáveis. A descoberta e/ou conquista do novo é permeada por acontecimentos alegres, como correr na chuva e outros dolorosos como os arranhões no joelho ao cair com toda a força e velocidade no chão de terra batida.
Hoje parei um tempinho para notar que aquela ferida na perna, que doeu tanto, causou mudanças de planos (como ficar na margem do rio, enquanto a ferida se fechasse um pouco), é somente uma cicatriz. E quando criança, meus arranhões não impediam uma nova tentativa, o medo era vencido pela vontade de experimentar novas coisas.
Que o medo não nos impeça de tentar hoje, mesmo às vezes levando “tombos”, as feridas tornam-se apenas cicatrizes para nos lembrar qual ensinamento nos foi transmitido.
Agradeço a Deus por cada experiência vivida, pois com elas cresci e posso dizer que não fiquei apenas sentada frente a uma apresentação alheia... Eu vivi e ainda vivo...

Diariamente

Um misto de palavras não ditas, um gritante silêncio.

Promessas de Paz

Ao rever o documentário “Promessas de um novo mundo”¹, que relata o cotidiano de crianças israelenses e palestinas confesso que, além de me emocionar ao ver a realidade que diferenças políticas e religiosas impõem ao cotidiano de inocentes que não puderam, ao menos, escolher o ambiente em que vivem, comecei a refletir.
Em todas aquelas crianças, mesmo tão jovens, já está arraigado o sentimento de inimizade e, na maioria das vezes, ódio por vizinhos, não por uma questão de opção, mas porque cresceram com alguém falando que Jerusalém é dos judeus, ou Jerusalém é dos árabes... E, a intenção aqui não é opinar de quem é Jerusalém, mas sim questionar: Quanto vale ter paz? Conviver com diferentes pensamentos, atitudes, opiniões... No trabalho, no círculo social, na vida acadêmica, nos relacionamentos...
Quantas vezes criamos verdadeiros conflitos, por disputa de um terreno que poderia perfeitamente ser compartilhado... Passado, nosso histórico, que serve como justificativa para a para situações presentes e a não desistência de uma briga que não mostra nenhum vencedor. Persistir no individualismo, em desculpas para o enclausuramento em campos de refugiados, ao invés de sentar e resolver as diferenças. Resolver essas diferenças, não significa se tornar iguais, esse é o “barato” da coisa! Resolver as diferenças é solucionar nossa vida, viver em parcerias, viver em amor.
No caso do Oriente Médio, as soluções não são teoricamente simples. Existem muitos interesses envolvidos, e, simplesmente recuar com certeza não seria o ideal. Recuar não é uma atitude louvável. Há muito que se discutir...
É inegável: O fim do conflito é o mais conveniente, pois a cada dia que passa mais e mais perdas ocorrem, assim como nos conflitos das nossas vidas.
Mesmo com tantas diferenças, no final das contas todos estamos no mesmo campinho de areia (vida), correndo atrás da mesma bola (Paz). Como no encontro entre as crianças palestinas e israelenses promovido pelos diretores do documentário.

¹ Direção: Justine Arlin, Carlos Bolado e B.Z. Goldberg, 2001.

Alucinação

"Olhe bem nos olhos e saberás se o outro está sendo verdadeiro..."
"Os olhos são o espelho da alma..."
Porquê então que não percebi que faltavas com a verdade?
Logo eu, que te olhava no fundo dos olhos...
Descobri.
Seus olhos me disseram.
Os meus olhos que, alucinados, não viram.

Sócrates

“Tenho apenas isto de admirável e bom, que me salva: não me envergonho de aprender, mas me informo, interrogo e mostro grande gratidão a quem me responde.” (Platão, em Hípias Menor)

Instigante

A chama da paixão arde, mas não vemos.
Seguro e contradizente.
A ferida dói, mas não sentimos.
É eterno, mas nunca dura eternamente.
Mesmo que fosse sem doer ou arder, nesse estado de pura ilusão, o racional não mensura o sentimento...
Na realidade, nunca se sabe o quanto se ama, amando....
A genuína intensidade do amor só é sentida quando se pode perceber a falta que tal pessoa faz. Ou seja, na total ausência.

A carta

Carta... Dessas que necessitam de envelope e selo postal e que o correio demora, às vezes, dias para entregar.
Embora estando no reinado dos e-mails, cartas ainda possuem bastante significado...
Começo dizendo que ela ainda não chegou.
O motivo? Não sei.
Penso na hipótese de ter sido extraviada, que meu endereço não estava correto ou o correio ainda não entregou...
Com um pouco a mais de racionalidade, imagino não ter tido tempo de enviá-la, ou até mesmo porque não quis fazê-lo.
Agora com despeito (consciente): Será que foi endereçada propositalmente a outro destinatário?
Sei que ela foi escrita... O vento me disse.
Hoje quis realmente saber onde ela foi parar.
Chamas? Cinza?
Reciclagem?
Ou em uma lixeira qualquer?
Sabe por que ainda penso nela? Essa carta continha gotículas de orvalho para acalmar a minha dor. Palavras que meu coração precisava ouvir.
Ela não chegou. Estou aqui, até hoje. Esperando a carta, que agora sei: Era a última.

Decisão

Antes mesmo de começar a escrever me deparei, aqui mesmo no sistema, com uma pergunta:
Qual o nome do blog?
Qual seria?
Qual???
Pensando bem, acho que atribuir nomes é quase como registrar um filho.
Pelo menos no sentido da responsabilidade e do significado que um nome traz consigo, revelando, de alguma forma, a identidade dos pais - autor. Logo, o receio de interpretações recorrentes permeiam a imaginação do criador.
Um nome... preciso de um nome...
Talvez nada definitivo...
Algo que retrate as coisas que mais me inquietam...
Que me assombram...
Que me façam sorrir...
Quem sabe refletir...
Um retrato de verdades. Nem sempre absolutas. Por vezes obsoletas, (para alguns).
Retratos da vida ou da imaginação (sonhos e vontades) de uma menina que deseja, timidamente, conquistar um lugar ao Sol.

Ps.: Meu primeiro post. Confesso: Um misto de emoção e nervosismo...
Muita coisa virá por aí.
E essa é a minha maneira de dizer boas-vindas...
Fique a vontade.

Abraços.