Diariamente

Um misto de palavras não ditas, um gritante silêncio.

Promessas de Paz

Ao rever o documentário “Promessas de um novo mundo”¹, que relata o cotidiano de crianças israelenses e palestinas confesso que, além de me emocionar ao ver a realidade que diferenças políticas e religiosas impõem ao cotidiano de inocentes que não puderam, ao menos, escolher o ambiente em que vivem, comecei a refletir.
Em todas aquelas crianças, mesmo tão jovens, já está arraigado o sentimento de inimizade e, na maioria das vezes, ódio por vizinhos, não por uma questão de opção, mas porque cresceram com alguém falando que Jerusalém é dos judeus, ou Jerusalém é dos árabes... E, a intenção aqui não é opinar de quem é Jerusalém, mas sim questionar: Quanto vale ter paz? Conviver com diferentes pensamentos, atitudes, opiniões... No trabalho, no círculo social, na vida acadêmica, nos relacionamentos...
Quantas vezes criamos verdadeiros conflitos, por disputa de um terreno que poderia perfeitamente ser compartilhado... Passado, nosso histórico, que serve como justificativa para a para situações presentes e a não desistência de uma briga que não mostra nenhum vencedor. Persistir no individualismo, em desculpas para o enclausuramento em campos de refugiados, ao invés de sentar e resolver as diferenças. Resolver essas diferenças, não significa se tornar iguais, esse é o “barato” da coisa! Resolver as diferenças é solucionar nossa vida, viver em parcerias, viver em amor.
No caso do Oriente Médio, as soluções não são teoricamente simples. Existem muitos interesses envolvidos, e, simplesmente recuar com certeza não seria o ideal. Recuar não é uma atitude louvável. Há muito que se discutir...
É inegável: O fim do conflito é o mais conveniente, pois a cada dia que passa mais e mais perdas ocorrem, assim como nos conflitos das nossas vidas.
Mesmo com tantas diferenças, no final das contas todos estamos no mesmo campinho de areia (vida), correndo atrás da mesma bola (Paz). Como no encontro entre as crianças palestinas e israelenses promovido pelos diretores do documentário.

¹ Direção: Justine Arlin, Carlos Bolado e B.Z. Goldberg, 2001.

Alucinação

"Olhe bem nos olhos e saberás se o outro está sendo verdadeiro..."
"Os olhos são o espelho da alma..."
Porquê então que não percebi que faltavas com a verdade?
Logo eu, que te olhava no fundo dos olhos...
Descobri.
Seus olhos me disseram.
Os meus olhos que, alucinados, não viram.

Sócrates

“Tenho apenas isto de admirável e bom, que me salva: não me envergonho de aprender, mas me informo, interrogo e mostro grande gratidão a quem me responde.” (Platão, em Hípias Menor)

Instigante

A chama da paixão arde, mas não vemos.
Seguro e contradizente.
A ferida dói, mas não sentimos.
É eterno, mas nunca dura eternamente.
Mesmo que fosse sem doer ou arder, nesse estado de pura ilusão, o racional não mensura o sentimento...
Na realidade, nunca se sabe o quanto se ama, amando....
A genuína intensidade do amor só é sentida quando se pode perceber a falta que tal pessoa faz. Ou seja, na total ausência.